quarta-feira, 26 de julho de 2017

Blog em Hiato

Para quem costuma aparcer aqui de vez em quando, este blog está em hiato por tempo indeterminado...

Existem diversos fatores que contribuem para isso, não vou explica-los neste momento...

ainda escrevo constantemente, mas apenas sobre cultura pop. Quem tiver interesse, clique aqui

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Os Evangelhos Pt 4

O tempo quando foram escritos os Evangelhos

Não podemos precisar com exatidão quando cada um dos livros do Novo Testamento foi escrito. Entretanto não há dúvida de que todos foram escritos na segunda metade do primeiro século. Isto é evidente pelo fato de que uma série de escritas no segundo século - como as Apologias do Santo Mártir Justino o filósofo, escritas no ano 150, as obras poéticas do autor pagão Celso, escritas no segundo século e especialmente as epístolas do bispo-mártir Inácio Teóforo de Antioquia, escritas aprox. em 107 A.D. - todos fazem inúmeras referências aos livros do Novo Testamento.
Os primeiros livros do Novo Testamento foram às epístolas dos apóstolos, escritas por causa da necessidade de fortalecer a fé das recém-fundadas comunidades cristãs. Em pouco tempo também surgiu à necessidade de uma documentação sistemática da vida e dos ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo. Não importa o quão exaustivamente os chamados "críticos contraditórios" se esforçaram em minar a confiança na autenticidade histórica dos evangelhos e outros livros sagrados, afirmando que apareceram muito mais tarde (Bauer e sua escola), os novos achados na literatura patrística da igreja (especialmente os antigos trabalhos dos Santos Pais da Igreja), nos atestam que todos os quatro evangelhos foram de fato escritos no primeiro século.

Pelas inúmeras deduções podemos concluir que o evangelho de São Mateus foi escrito primeiro e no máximo 50-60 anos depois do nascimento de Cristo. O evangelho de São Marcos e São Lucas foram escritos mais tarde, mas certamente antes da destruição de Jerusalém, ou seja, antes de 70 A.D. São João o Teólogo escreveu o seu evangelho depois dos outros e muito provavelmente no final do primeiro século, quando estava com mais de 90 anos. Algum tempo antes ele escreveu o Apocalipse ou o Livro da Revelação. Os Atos dos Apóstolos foram escritos logo após o evangelho de São Lucas e como indicado no prefácio, servem como continuação do evangelho de São Lucas.


Erivado Lima

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Os Evangelhos Pt 3

História dos textos dos Evangelhos
 
Todos os livros Sagrados do Novo Testamento foram escritos na língua grega, mais especificamente, no popular dialeto alexandrino chamado kini, que era a língua mais falada ou pelo menos compreendida pelos homens cultos de todas as localidades do Oriente e do Ocidente do Império Romano. Esse era o idioma de todos os homens instruídos daquela época. Por essa razão os Evangelistas usaram o grego e não o hebreu para escrever os Evangelhos, a fim de torná-lo acessível a um maior número de pessoas.
Naquele tempo a escrita usava somente as letras maiúsculas do alfabeto grego, não usava nenhuma pontuação e não separava as palavras. As minúsculas e o espaçamento entre palavras passaram a ser usadas somente no século IX. A pontuação veio somente com o aparecimento da imprensa no século XV. A separação dos capítulos foi introduzida no ocidente pelo Cardeal Hugo no século XIII e a separação em versículos foi feita pelo tipógrafo parisiense Roberto Stefan no século XVI.
Através de seus sábios bispos e presbíteros a Igreja sempre zelava pela preservação dos textos sagrados na sua pureza original, principalmente antes do aparecimento da imprensa, tempo em que os textos eram copiados manualmente, onde erros poderiam se infiltrar em novas cópias. É sabido que alguns estudiosos cristãos do século II e III, como Orígenes, Esequias - bispo do Egito e Luciano, presbítero de Antioquia trabalharam com muito empenho nos aditamentos aos textos bíblicos. Com a invenção da imprensa foi dada uma especial atenção à reprodução dos Livros Sagrados do Novo Testamento, para assegurar que fossem copiados dos manuscritos mais antigos e confiáveis. Durante o primeiro quarto do século XVI apareceram duas publicações do Novo Testamento em grego: "O Livro Completo das Escrituras," publicado na Espanha e a edição de Erasmo de Rotterdam na Basiléia. É importante mencionar a edição de Tischendorf, no fim do século passado, resultado de um trabalho de comparação de novecentos manuscritos do Novo Testamento.
Tanto estes trabalhos críticos como principalmente os incansáveis esforços da Igreja habitada e guiada pelo Espirito Santo, nos asseguram que nos dias de hoje possuímos o texto grego puro e não adulterado dos Livros Sagrados. Podemos afirmar que estes livros são os mais genuínos porque é a melhor edição de todos os livros antigos.


Erivaldo Lima

Os Evangelhos pt 2

Mais um texto do meu amigo Erivaldo Lima. Texto da série "Os Evangelhos"

Introdução

A palavra Evangelho significa boa nova ou boa mensagem. Este termo designa os quatro primeiros livros do Novo Testamento que relatam a vida e os ensinamentos do encarnado Filho de Deus, Nosso Senhor Jesus Cristo - tudo o que fez para estabelecer uma vida reta e justa na terra e para salvar a humanidade pecadora.
Antes da vinda de Cristo os homens entendiam Deus como o Criador Todo Poderoso e implacável Juiz na Sua morada em inatingível glória. Jesus Cristo nos abriu um novo entendimento sobre Deus, o Deus próximo a nós, misericordioso e Pai que nos ama. Jesus Cristo disse a seus contemporâneos: "quem me vê, vê também o Pai" De fato, a imagem de Jesus Cristo, cada aspecto particular cada palavra e gesto estavam impregnados de infinita compaixão. Ele era o Médico para os doentes. As pessoas sentiam o Seu amor e eram atraídas por Ele e seguiam-no aos milhares. Nunca ninguém soube de alguma recusa. Cristo atendia a todos. Purificava as almas dos pecadores, curava os doentes e cegos, confortava os desesperados e libertava os possuídos pelos demônios. E, ao mesmo tempo, à sua ordem todos se subjugavam, a natureza e até a própria morte.
Através deste livreto mostraremos ao leitor em que circunstâncias os evangelhos foram escritos e apresentaremos ensinamentos selecionados do nosso Redentor. É de nosso desejo que o leitor venha a se aprofundar na vida e nos ensinamentos do Salvador, pois, quanto maior é nossa experiência espiritual à medida que passamos a ler mais os evangelhos mais fortes se torna nossa fé e mais claramente passamos a entender o sentido da nossa vida terrena. Também, quanto maior é nossa experiência espiritual, mais evidente se torna a nossa proximidade com o Salvador. Ele verdadeiramente passa a ser o nosso Bom Pastor que nos orienta para o caminho da salvação.

Nos dias de hoje principalmente, quando tantas opiniões contraditórias e infundadas aparecem, seria mais sábio que fizéssemos dos evangelhos o nosso livro de referência. Pois, enquanto todos os livros que lemos contêm opinião de homens comuns os evangelhos revelam-nos as palavras eternas do Senhor.



quinta-feira, 30 de julho de 2015

Eu não mereço

Quando penso nessa frase, me vem à mente uma situação muito ruim que passamos, mas que oriunda de atitude de terceiros. Alguém faz algo que de modo direto ou indireto nos prejudica, então dizemos: “eu não mereço”.

Ai, começamos a pensar sobre o assunto MÉRITO. O que merecemos? O que não merecemos? Será que recebemos tudo o que merecemos? Ou ainda nos falta algo?

E se nos falta algo que merecemos, como e quando vamos recebê-lo?

Se tratarmos apensa de conceitos humanos, merecemos muita coisa, por exemplo, nosso suado salário no quinto dia útil. Merecemos isso, fizemos por onde obtê-lo, a bíblia diz que o trabalhador merece seu salário (1 Tm 5:18b), ou em versões mais antigas: “digno é o obreiro de seu salário”.

Mas e quando isso transcende ao âmbito humano?

Quando transcende ao âmbito humano, quando a questão do mérito vem para o âmbito divino precisamos utilizar mais dois termos: Misericórdia e Graça.

Mas vamos prosseguir com a questão do Mérito, o que será que merecemos de Deus? Benção? Prosperidade? Vitória?
Vamos a alguns textos:

As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, pois elas não têm fim; Lamentações 3:22.

Você diz: Estou rico, adquiri riquezas e não preciso de nada. Não reconhece, porém, que é miserável, digno de compaixão, pobre, cego e que está nu.  Apocalipse 3:17.

O Senhor é compassivo e misericordioso, mui paciente e cheio de amor. Não acusa sem cessar nem fica ressentido para sempre; não nos trata conforme os nossos pecados nem nos retribui conforme as nossas iniquidades. Salmos 103:8-10.

Vemos por esses textos que o que merecemos é ser destruídos: TODOS pecaram e estão destituídos da glória de Deus (Rm 3:23). O homem buscou o estado de condenação eterna, então merece este estado de condenação, mas graças a Misericórdia de Deus, não somos consumidos.

Mas o que é Misericórdia? Misericórdia é o favor divino que não merecemos, sempre que Deus não nos dá algo que merecemos, isso é misericórdia.

A origem da palavra é Latina, vem de miseratio (sofrimento, compadecimento) e cordis (coração) cuja tradução literal é “coração compadecido”. Em hebraico, língua do antigo textamento, a palavra é  רחמים  (Hesed) que trás significado de amor, bondade, benevolência. Então, quando a bíblia, em seu antigo testamento, nos fala de misericórdia, ela está falando do exercício do amor, da bondade e da benevolência e só deste modo podemos ter um coração compadecido de verdade. Em Grego, língua do novo testamento a palavra é ἔλεος (Éléos) esta palavra amplia o sentido do original (hesed) dando um significado ainda maior, representando “o desejo de compartilhar incondicionalmente, representa ainda a vontade de doar tudo de si mesmo e a generosidade sem preconceitos, a íntima compaixão”. CAMARGO (2015)[1] 

Do mesmo modo com que Deus faz conosco.

Como falei, como pecadores, merecemos a morte, merecemos a condenação, mas pela misericórdia de Deus, Jesus veio a terra para redimir todo aquele que nele crê (Joao 3:16).
Por vezes vemos pessoas sofrendo a consequência de seus pecados, ou até de erros alheios, quando vemos acontecer esse tipo de sofrimento, é fundamental que nós como Cristãos exerçamos misericórdia.
Diz a palavra de Deus:

Levem os fardos pesados uns dos outros e, assim, cumpram a lei de Cristo. Gálatas 6:2

A misericórdia de Deus não pode ser comprada, ou conquistada, nem merecida. Ela é voluntária de acordo somente com a vontade dele.

Pois ele diz a Moisés: "Terei misericórdia de quem eu quiser ter misericórdia e terei compaixão de quem eu quiser ter compaixão". Romanos 9:15

E Deus respondeu: "Diante de você farei passar toda a minha bondade, e diante de você proclamarei o meu nome: o Senhor. Terei misericórdia de quem eu quiser ter misericórdia, e terei compaixão de quem eu quiser ter compaixão". Êxodo 33:19

Mas aí podemos perguntar, “então, de quem Deus tem misericórdia?” aí podemos entrar na segunda parte desta mensagem: Deus exerce Graça em favor da humanidade.
Mas o que é a graça? Graça é o favor divino que não merecemos. É o mover de Deus em direção ao homem pecador.
Nada podemos fazer para alcançar o favor divino, a graça de Deus também é voluntária, ele dá para quem ele quer.

Portanto, não se envergonhe de testemunhar do Senhor, nem de mim, que sou prisioneiro dele, mas suporte comigo os sofrimentos pelo evangelho, segundo o poder de Deus, que nos salvou e nos chamou com uma santa vocação, não em virtude das nossas obras, mas por causa da sua própria determinação e graça. Esta graça nos foi dada em Cristo Jesus desde os tempos eternos, sendo agora revelada pela manifestação de nosso Salvador, Cristo Jesus. Ele tornou inoperante a morte e trouxe à luz a vida e a imortalidade por meio do evangelho. 2 Timóteo 1:8-10

Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie. Efésios 2:8,9

A palavra graça também vem do latim, Gratia, que significa literalmente Gratidão. Isso significa que Deus é grato a nós? Não, é exatamente o contrário, nós é que temos que ser grato a Deus por tudo o que ele tem feito por nós, pois não merecemos nada Dele, ele nos dá por sua graça e por seu amor.
A palavra em grego é cariV (Charis), seu significado é muito amplo, e traz o sentido de graciosidade, beneficio, favor, presente, alegria, generosidade e prazer, além do sentido de gratidão.

Então Graça é a atitude divina de nos beneficiar, nos dar um presente, ser generoso e nossa obrigação é ser grato a Deus, nos alegrar pelo favor imerecido. Pela graça de Deus, temos a oportunidade, através de Jesus Cristo de estar na presença Dele, de lhe render culto e glória. Pela graça de Deus podemos abrir os olhos todas as manhãs e desfrutar do sol, da chuva, do oxigênio, de tudo o que foi criado. Deus é tão maravilhoso, e sua Graça é tão grande que ela atinge também os ímpios.

Através de sua graça comum, Deus permite que o sol raie sobre bons e maus e a chuva derrame sobre justos e injustos (Mt 5:45b).
Através de sua graça preveniente Deus permite que homens compreendam que Jesus é o Messias, redentor e salvador deste mundo.
Através de sua graça redentora, Deus regenera o coração do homem através de Cristo e o faz nova Criação.

Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criação. As coisas antigas já passaram; eis que surgiram coisas novas! Tudo isso provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, ou seja, que Deus em Cristo estava reconciliando consigo o mundo, não lançando em conta os pecados  os homens, e nos confiou a mensagem da reconciliação. 2 Coríntios 5:17-19

A graça de Deus nos constrange. Tem que nos constranger.

Imaginem a seguinte cena:
Sabe aquele amigo que sempre está te ajudando? Sempre que você tem um problema, acaba recorrendo a ele? Esse amigo pode ser simplesmente um amigo, mas pode ser familiar, pai, mãe, tio, irmão, primo etc. Chega um momento que ficamos sem jeito, ficamos com vergonha de pedir mais uma ajuda. Ficamos constrangidos de dizer, olha, preciso novamente da sua ajuda. Pois esse “abuso” do direito de pedir ajuda provoca em nós um sentimento de querer melhorar para deixar de pedir essa ajuda para esse amigo.

Tem que ser assim com a graça de Deus. Não que temos que procurar não pedir nada a ele, pelo contrário, devemos recorrer a Deus O TEMPO TODO, mas a graça dele TEM que nos constranger, no sentido de provocar em nós o desejo de mudar, o desejo de melhorar, o desejo de fazer mais a vontade Dele em detrimento da nossa.

Concluindo: A Misericórdia e a Graça de Deus são manifestas em nossas vidas diariamente, Deus tem todo o poder, todo o controle em suas mãos, mas nos ama de tal modo que quer um relacionamento íntimo e sincero conosco.
Para isso ele trata com benevolência um ser que não merece sequer o privilégio de existir, ele faz filhos seres que não merecem estar em sua presença e como se isso não bastasse, ele dá um presente valiosíssimo para que outras pessoas tenham o privilégio de chama-lo de Pai.
Deus deseja que nossas vidas sejam repletas da sua graça de misericórdia e quer que tenhamos a mesma atitude uns para com os outros.

Que nossa vida seja dedicada a propagar esse imenso amor, demonstrando graça e misericórdia com todos.

E encerro com uma frase do bispo Robinson Cavalcanti:
“A missão da igreja é manifestar aqui e agora a maior densidade possível do Reino de Deus que será consumado ali e além




[1] CAMARGO, Paulo, Misericórdia no Antigo e no Novo Testamento,   http://jardimgrauna.adindianopolis.com.br/estudos-biblicos/misericordia-no-antigo-e-no-novo-testamento acessado em 30/07/2015.

quarta-feira, 29 de julho de 2015

Os Evangelhos

Olá, 

começo hoje uma nova série, a série "Os Evangelhos"!


os textos que serão publicados a partir de hoje são de autoria do meu amigo e irmão Erivaldo Lima, eles tem como finalidade, mostrar as características dos quatro evangelhos, suas semelhanças e diferenças, teologia, publico alvo e etc. 


O texto segue os padrões que tento colocar neste blog, palavras mais simples, fácil entendimento e bom conteúdo. Espero que apreciem.




Prefácio

A simples leitura dos Evangelhos conduz logo a uma primeira classificação, que é resultante da constatação, de um lado, de que existe uma ampla coincidência da parte de Mateus, Marcos e Lucas quanto aos temas de que tratam e quanto à disposição dos elementos narrativos que introduzem e por outro, o Evangelho de João, cuja aparição foi posterior à dos outros três, parece ter sido escrito com o propósito de suplementar os relatos anteriores com uma nova e distinta visão da vida de Jesus (acerca dos temas e dos fatos, ver as Introduções aos Evangelhos). Porque, de fato, com exceção dos acontecimentos que formavam a história da paixão de Jesus, apenas três dos fatos referidos por João (1.19-28 6.1-13 e 6.16-21) encontram-se também consignados nos outros Evangelhos. Daí se conclui que, assim como o Evangelho Segundo João requer uma consideração à parte, os de Mateus, Marcos e Lucas estão estreitamente relacionados. Seguindo vias paralelas, oferecem nas suas respectivas narrações três enfoques diferentes da vida do Senhor. Por causa desse paralelismo, pelas muitas analogias que aproximam esses Evangelhos tanto na matéria exposta como na forma de dispô-la, vêm sendo designados desde o séc. XVIII como "os sinóticos", palavra tomada do grego e equivalente a "visão simultânea" de alguma coisa. 

Os sinóticos começaram a aparecer provavelmente em torno do ano 70. Depois da publicação do Evangelho segundo Marcos, escreveu-se primeiro o de Mateus e depois o de Lucas. Ambos serviram-se, em maior ou menor medida, da quase totalidade dos materiais incorporados em Marcos, reelaborando-os e ampliando-os com outros. Por essa razão, Marcos está quase integralmente representado nas páginas de Mateus e de Lucas. Quanto aos novos materiais mencionados, isto é, os que não se encontra em Marcos, uma parte foram aproveitada simultaneamente por Mateus e Lucas, e a outra foi usada por cada um deles de maneira exclusiva. 

Apesar de que os autores sinóticos tenham redigido textos paralelos, fizeram-no de pontos de vista diferentes e contribuindo cada qual com a sua própria personalidade, cultura e estilo literário. Por isso, a obra dos evangelistas não surge como o produto de uma elaboração conjunta, mas como um feito singular desde seus delineamentos iniciais até a sua realização definitiva. Quanto aos objetivos, também são diferentes em cada caso: enquanto Mateus contempla a Jesus de Nazaré como o Messias anunciado profeticamente, Marcos o vê como a manifestação do poder de Deus, e Lucas, como o Salvador de um mundo perdido por causa do pecado.

sexta-feira, 3 de julho de 2015

A questão da maioridade penal


Essa semana foi votada e aprovada a lei que reduz a maioridade penal de 18 para 16 anos para crimes hediondos. Novamente vejo uma guerra ideológica formada dentro do evangelicalismo moderno. De um lado um nicho cristão bradando aos quatro ventos que são contra a redução da maioridade penal, de outro os demais cristãos que são a favor, assim como a maior parte da população brasileira. Acontece que esse primeiro grupo diz que os evangélicos que são a favor não entenderam ou não conhecem a Cristo ou, que a opinião da pessoa como político não reflete sua cosmovisão cristã e por isso ela não a representa (salvo exceções, o discurso é basicamente esse). O principal argumento desse grupo é de que “Redução não é a solução”.
O primeiro problema que encontro com o discurso deste grupo é de que não posso dizer que uma pessoa conhece ou não a Cristo por uma simples posição política, esse julgamento não pode ser feito de maneira tão leviana. Só conseguimos TER UMA NOÇÃO de quem conhece a Cristo, ou não, pelas obras que praticam, não por uma, mas pelo conjunto delas, as obras mostram a fé das pessoas (Tiago 2:18).
O segundo problema começa com uma concordância da minha parte. Também tenho convicção de que redução não é a solução. De fato não é! É fundamental que haja uma série de alterações na lei, investimento em educação e políticas sócio-ambientais, mudança de paradigmas, programas de inclusão e outras soluções para que retiremos a maior quantidade possível de jovens da criminalidade. Mas entendo que entre essas soluções está a redução da maioridade penal para crimes hediondos. Etimologicamente hediondo vem do latim significa que algo é extremamente fétido, desagradável, juridicamente é aquele crime que causa repulsão. Entendo que uma pessoa que chega ao ponto de cometer um crime que causa repulsão tem plena consciência dos seus atos. Não é algo banal, um pequeno desvio de conduta que dá pra ser acertado com uma medida sócio-educativa. É algo que mostra que a permanência dessa pessoa em liberdade pode prejudicar ainda mais a sociedade. Essa pessoa é nociva às outras, por isso ela não deve ficar detida, pois comete atos repulsivos deliberadamente. Para que fique claro, segundo o código penal os crimes considerados hediondos são:
·         Homicídio simples e qualificado
·         latrocínio,
·         extorsão qualificada pela morte,
·         extorsão mediante sequestro,
·         estupro,
·         estupro de vulnerável,
·          epidemia com resultado morte,
·         falsificação ou alteração de produtos destinados a fins terapêuticos ou medicinais
·         genocídio.
Tem se olhado essa redução apenas como a tentativa de punição, mas entendo que além de punição é, também, prevenção, retira-se a liberdade dessa pessoa para que ela não mais represente perigo para sociedade. Alguém que comete tais atrocidades não pode ser tratado como incapaz de responder por seus atos. O único que pode recuperar essa pessoa é Cristo, através de sua graça redentora e, para que o Espírito Santo convença do pecado, da justiça e do juízo, é indiferente ela estar presa ou em liberdade. Deus age sob quaisquer condições.
Realmente é preciso um conjunto de mudanças para que consigamos reduzir os índices de criminalidade entre os menores, mas a redução da maioridade penal nos casos de crimes hediondos é fundamental para que a sociedade seja privada de alguns criminosos cruéis que se valem por terem menos de 18 anos.

Para finalizar, a redução da maioridade penal em casos de crimes hediondos é necessária para preservar a integridade física da sociedade. Privar a liberdade de um para salvar um grupo não só é justo como é necessário. Obviamente as medidas não podem parar por aí. Políticas de prevenção de formação de novos delinquentes tem que ser discutidas PRA ONTEM. O fato de eu ser a favor desta lei não diz que sou menos Cristão do que quem é contra, diz apenas que possuímos visões diferentes, assim como calvinistas e arminianos, premilenistas e amilenistas, dicotômicos e tricotômicos e etc. Novamente digo que é importante convivermos com as diferenças de opinião e é fundamental o respeito, a tolerância e, acima de tudo, o amor. É isso...